Entrevista com Emílio Velloso Barroso

1.    Mini CV para ilustração da matéria

Emílio Velloso Barroso é graduado em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui mestrado pela mesma universidade na área de Geologia de Engenharia e doutorado em Geotecnia (Mecânica das Rochas) pelo Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Atualmente é professor Titular do Instituto de Geociências da UFRJ, onde exerce as funções de Vice-Diretor e Diretor Adjunto de Pós-graduação. Na graduação leciona disciplinas para os cursos de Geologia, Engenharia Civil e Engenharia do Petróleo, além de ser professor permanente do Programa de Pós-graduação em Geologia. Participou por duas vezes do programa Cientista Jovem do Nosso Estado - FAPERJ. Coordena o Laboratório de Experimentos em Geomecânica e Tecnologia de Rochas, credenciado pela ANP, onde são desenvolvidos projetos de pesquisa financiados (CNPq, FAPERJ, ANP, Petrobras, SEBRAE-RJ). Atua como revisor de periódicos e consultor ad hoc de agências de fomento, nacionais e internacionais. Tem experiência acadêmica e prática em Geomecânica, Tecnologia de Rochas e Geologia de Engenharia.

2.    Por que a carreira em Mecânica de Rochas? Qual a principal motivação?

Sou formado em Geologia pela UFRJ e sempre gostei das áreas aplicadas. Na graduação fui bolsista de iniciação científica com o Professor Franklin dos Santos Antunes. Este contato inicial com os solos me despertou o interesse pela Geotecnia. Ainda na graduação fui aluno do Professor Paulo Cesar Corrêa Lopes na disciplina Mecânica dos Solos, que ministrou a parte prática na empresa em que era diretor, o que nos permitiu acompanhar os ensaios numa excelente infraestrutura laboratorial. Considero que foi um curso muito bom para o nível de graduação e que e me motivou bastante. Já o interesse específico pela Mecânica das Rochas veio um pouco mais tarde, no meu mestrado na Geologia de Engenharia da UFRJ. Tive a sorte de ser aluno do Professor Lorenz Doberëiner, único brasileiro a receber o prêmio Richard Wolters da IAEG, por seu trabalho de doutorado sobre arenitos brandos no Imperial College, e do Professor Eurípedes Vargas, que foi meu orientador no mestrado e no doutorado. A admiração que tenho pelo trabalho destes dois profissionais foi a principal motivação para começar a trabalhar na área.

3.    Houve alguma situação inesquecível (ou curiosa/ inusitada) na sua atuação em rochas, que gostaria de compartilhar com o público?

Depois de tantos anos trabalhando na universidade, ao olhar para trás, posso dizer que a caminhada tem sido divertida e com muitos momentos inesquecíveis. Mas acho que no início da carreira, quando se é jovem e quase tudo é novidade, estes momentos são mais marcantes. Me lembro da alegria que sentia ao encontrar com pessoas que eram autoras de artigos clássicos na literatura da Mecânica das Rochas. Muitos destes momentos aconteceram nos seminários geotécnicos do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Por exemplo, nunca vou me esquecer da palestra do Professor Stavros Bandis, sobre o efeito de escala na resistência ao cisalhamento e na deformabilidade de descontinuidades. Guardo com muito carinho estes momentos lá do meu início como profissional, realmente inesquecíveis para mim.

4.    Como decidiu entrar para a diretoria do CBMR? Quais os seus anseios na condução do comitê?

Participei da Diretoria do CBMR entre os anos de 2005-2006, convidado pelo Professor Sérgio Fontoura. Quero enaltecer o trabalho voluntário das(os) ex-presidentes do Comitê, mas também demonstrar meu reconhecimento à importância que o Professor Sérgio tem para toda a comunidade da Mecânica das Rochas no Brasil, por toda sua dedicação ao Comitê, durante várias gestões, e como Vice-Presidente da ISRM para a América do Sul. Me lembro dele sendo muito aplaudido no Congresso da ISRM em Lisboa no ano 2007, se não me engano na sessão de encerramento, quando quebrou o protocolo e discursou primeiro em português, para depois falar em inglês. Acho que o Professor Sérgio consegue muito bem congregar pessoas em associações científicas e prepará-las para as futuras gestões, como no caso do CBMR.

Naquele biênio (2005-2006) minha vontade era ajudar da melhor maneira possível. No ano de 2006 tivemos o IV Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas, realizado em Curitiba, para o qual contribuímos com a organização, desde a escolha dos temas das sessões técnicas até a participação na comissão técnica de avaliação dos trabalhos. Mas acho que o principal objetivo daquela gestão era consolidar o trabalho das gestões anteriores, divulgando as atividades do CBMR para atrair novos associados e fortalecer o Comitê com a presença de novos profissionais interessados no exercício da Engenharia de Rochas. Hoje, constato com satisfação o grau de maturidade que o CBMR alcançou, como atesta a renovação da própria diretoria.

5.    Deixe uma breve mensagem aos demais associados do comitê.

Dirijo minha mensagem, principalmente, a todas e todos que estão começando na carreira e se interessam pelo campo da Mecânica e da Engenharia de Rochas. Recomendo que procurem seguir e apoiar o CBMR. Esta certamente é uma boa maneira de se inserir nesta via de mão-dupla que traz os benefícios do aprimoramento técnico, permite a troca de experiências e proporciona a expansão dos contatos com profissionais de excelência na área de Mecânica das Rochas.