Entrevista com Roberto Kochen

1. Mini CV para ilustração da matéria

Engenheiro Civil especializado em Mecânica das Rochas, Túneis, Geotecnia, Escavações Subterrâneas, Contenções e Meio Ambiente. Consultor na prestação de serviços de assessoria técnica e consultoria especializada na área de Mecânica das Rochas, dos Solos, e Engenharia Geotécnica. 

Foi Presidente do CBMR – Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas, por duas gestões

Diretor do Departamento de Infraestrutura do Instituto de Engenharia do Estado de São Paulo, compreendendo as Divisões de Estruturas, Geotecnia, Saneamento, Construção Sustentável e Meio Ambiente, Acústica e Segurança no Trabalho. 

Presidente e Diretor Técnico da GeoCompany Tecnologia, Engenharia e Meio Ambiente, empresa brasileira de atuação internacional, especializada em Infraestrutura, Geologia, Geotecnia, Túneis, e Meio Ambiente.

Graduação, mestrado e doutorado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Foi Post Doctoral Fellow e Professor Visitante na Universidade de Toronto, Canadá.

Professor Doutor do Departamento de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), aposentado.

2. Por que a carreira em Mecânica de Rochas? Qual a principal motivação?

Graduei me em Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP, onde também obtive meu Mestrado em Engenharia de Estruturas, e Doutorado em Engenharia de Solos e Tuneis. Em consequência me interessei por projeto de Tuneis em Rocha, e iniciei contacto com o Prof. Evert Hoek, autor de livros afamados de Mecânica das Rochas e Escavações Subterrâneas em Rocha. Daí surgiu um convite para o grupo de Rock Engineering na Universidade de Toronto, Canadá, liderado por ele. Fiquei por um período de dois anos em Toronto, em um pós doc, onde tive contacto com o estado da arte de Mecânica das Rochas. Além de poder participar de trabalhos de consultoria entre outros, em hidrelétricas (Ming Tan e Ming Hu, Taiwan), e no Túnel do Canal da Mancha (lado inglês), havia na Universidade de Toronto um trabalho muito profícuo de desenvolvimento de softwares para Mecânica das Rochas. Hoje estes softwares são utilizados no mundo todo através da Rocscience, empresa egressa da Universidade de Toronto.

3. Houve alguma situação inesquecível (ou curiosa/ inusitada) na sua atuação em rochas, que gostaria de compartilhar com o público?

Após retornar ao Brasil, envolvi-me no projeto e construção dos Tuneis do Metro de Brasília. E surgiu um convite para visitar a caverna subterrânea da hidrelétrica de Serra da Mesa, em construção. Preparei me com todo o material que pudesse ser útil na visita, inclusive uma bússola (cara) para medir direção e mergulho das fraturas e descontinuidades do maciço rochoso. Lá chegando constatei que a escavação estava perfeita, a abóbada e paredes lisas, nem aparentavam ter sido escavadas a fogo, e o granito são estava íntegro, sem nenhuma feição ou descontinuidade. Comprei a bússola desnecessariamente.

4. Como decidiu entrar para a diretoria do CBMR? Quais foram os anseios vividos durante a condução do comitê?

No retorno ao Brasil, conversei com o Prof. Sérgio Fontoura, da PUC Rio, que já estava envolvido em projetos de pesquisa de Mecânica das Rochas em Engenharia de Petróleo. Outro nome de destaque com quem falava frequentemente era o Prof. Euripides Vargas, na mesma PUC Rio. Achei que, por ter tido o privilégio de conhecer o estado da arte da época da Mecânica das Rochas na Universidade de Toronto, devia transmiti-lo no Brasil através do CBMR. Fui presidente por dois mandatos, e trouxe cursos ao Brasil que foram muito bem avaliados pelos participantes, como o curso de Rock Engineering, do Prof. Evert Hoek, e o curso de Modelagem de Meios Descontínuos, do Dr. Loren Lorig, Itasca. Com isto creio que contribui para divulgar os avanços, daquela época, da Mecânica das Rochas no Brasil.

5. Deixe uma breve mensagem aos demais associados do comitê.

O Brasil, na Mineração, ocupa um papel de destaque no cenário mundial. E com minas em cavas muito profundas, onde a Mecânica das Rochas é essencial para garantir a estabilidade das escavações. E há atualmente em projeto e construção linhas de Metrô profundas, em maciços onde a Mecânica das Rochas é fundamental para um bom desempenho. Fui projetista do Túnel Gastau, da Petrobrás, em Caraguatatuba, onde a cobertura de rocha atingiu 520 m, em granito são, e apesar da resistência do maciço rochoso ocorreram episódios de rock burst. Creio que isto mostra a importância da Mecânica das Rochas no Brasil, bem como a importância dos nossos associados buscarem através do CBMR as técnicas atuais e mais avançadas para nossas obras e infraestruturas.