Entrevista com Fernando Olavo Franciss

1. Mini CV para ilustração da matéria

ENSINO SUPERIOR: 1958, Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 1958; 1961, pós-graduação em Geologia Aplicada, Laboratório de Geologia da Universidade de Grenoble; 1969, Ano Sabático, Divisão de Túneis e Fundações do Laboratório de Engenharia Civil, Lisboa; 1970, PhD em Engenharia Civil, Laboratório de Geologia da Universidade de Grenoble.
CARREIRA PROFISSIONAL: 1958-1968, Engenheiro Civil na SONDOTÉCNICA S.A.; 1968-1991, Chefe do Departamento de Geotecnologia da SONDOTÉCNICA S.A.; 1980-1991, diretor da SONDOTÉCNICA S.A.; 1991 -..., Gerente Sênior da PROGEO - Consultoria de Engenharia Ltda.

ATIVIDADES DE ENSINO: 1963-1969, Mecânica dos Solos I, graduação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 1965-1972, Elements of Geology, pós-graduação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 1965-1977, Geologia Aplicada, pós-graduação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 1968-1969, Mecânica dos Solos II, graduação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Mecânica das Rochas, pós-graduação, Instituto de Geociências do Rio de Janeiro, 1970 - 1971; 1972, Hidráulica de Solos e Rochas, pós-graduação, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; 1977, Mecânica das Rochas, pós-graduação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 1977, Hidráulica de Solos e Rochas, pós-graduação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 1978, Obras Subterrâneas, curso extracurricular, Universidade de Grenoble; 1978, Hidráulica de Solos e Rochas, curso extracurricular, Universidade de Grenoble; 1985; Túneis em Soft Rocks, curso extracurricular, Universidade de Grenoble; 1991-1992, graduado em Tópicos Especiais em Geotecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

LIVROS PUBLICADOS: 1976, Permeabilidade de Massas Rochosas Determinadas a partir de Amostras Integrais, em Mecânica Estrutural e Geotécnica, Editor W. J. Hall, Prentice-Hall, Nova Jersey (escrito em parceria com o Eng. Manoel Rocha); 1980, Hidráulica de Meios Permeáveis, Interciência, Rio de Janeiro; 1985, Hidráulica de Solos e Rochas - Fundamentos, Métodos Numéricos e Técnicas de Análogos Elétricos, A. A. Balkema, Roterdã; 1989, Túneis em Rochas Brandas, Interciência, Rio de Janeiro; 1994, Weak Rock Tunneling, A. A. Balkema, Roterdã; 2009, Hidráulica de Rochas Fraturadas, Taylor & Francis Group / CRC Press; 2019, Gerenciamento de Riscos Geológicos e Geotécnicos - Empresas Complexas (escrito em parceria com os engenheiros André Assis e Roque Rabechini), Editora CRV, 2019; 2020, Hard Rock Hydraulics, Taylor & Francis Group / CRC Press / Balkema, em edição.

ASSOCIAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES: Clube de Engenharia do Rio de Janeiro; Associação Brasileira de Mecânica e Fundações do Solo - ABMS; Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas - CBMR (presidente no biênio 97-99); Comitê Brasileiro de Túnel - CBT; Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas - ISRM; Academia Nacional de Engenharia - ANE (membro fundador)
PRÊMIOS E TRIBUTOS: biênio 1978/79, Prêmio Terzaghi, concedido pela Associação Brasileira de Mecânica e Fundações do Solo - ABMS; 1998, Prêmio Victor Leinz, concedido pela Associação Brasileira de Geologia de Engenharia - ABGE em seu 30º aniversário; 1998, XI COBRANSEG, 1998, reconhecimento pela contribuição à geotecnia brasileira; 2016, 6º Prêmio Milton Vargas, vencedor da categoria Profissionais do Ano; 2.018, NEXA (ex-Votorantin Metais), Prêmio de Reconhecimento pela contribuição ao desenvolvimento técnico de suas equipes de 1996 a ...

2. Por que a carreira em Mecânica de Rochas? Qual a principal motivação?

Enquanto engenheiro civil especializado em Mecânica dos Solos desde 1.958 e licenciado em Geologia Aplicada em 1.960, a imersão na Mecânica das Rochas foi uma consequência natural do meu pendor profissional pelas disciplinas afins das ciências da Terra. Desde 1.954, quando ainda estudante e estagiário na Sondotécnica, empresa em que completei minha formação profissional, não via oportunidade maior do que a de participar no desenvolvimento dessa nova especialidade no Brasil. Tanto assim que especializei-me em Hidráulica das Rochas Duras. Minha contribuição e experiencia profissional nessa área eu condensei no meu derradeiro livro, “Hard Rock Hydraulics”, publicado no início de 2.021 pela CRC Press-Balkema, com um enfoque muito pessoal sobre técnicas de modelagem de processos de fluxo em meios rochosos fraturados.

3. Houve alguma situação inesquecível (ou curiosa/ inusitada) na sua atuação em rochas, que gostaria de compartilhar com o público?

De 1.954 até o presente, foram várias, mas como não sou bom contador de histórias, prefiro apenas citar que guardo boas lembranças de todas as pessoas, sem exceção, com as quais trabalhei em inúmeros projetos e obras de grande porte, tanto civis quanto mineiras. Por exemplo, durante os vários anos de estudos e projetos elaborados pela Sondotécnica e pela PROGEO para a Petrobras no final do século XX, relacionados com tancagens subterrâneas de óleos e derivados, ou para Furnas no início do século XXI durante as demoradas análises da futura interação entre o Reservatório da UHE Corumbá e o manancial hidrotermal de Caldas Novas, ou ainda, de 1.954 até o presente, para o grupo NEXA (ex-Votorantim), em especial, para a Mina Subterrânea de Vazante e os vários problemas de conformação ambiental em Três Marias. 

Para compartilhar um pouco da minha experiência profissional, cabe não guardar ilusões, pois os engenheiros de solos e de rochas, bem como, os geólogos aplicados em obras civis ou mineração, devem estar preparados para sempre encontrar dificuldades e por vezes oposição por parte de clientes não familiarizados com as especialidades que escolheram. Tenham paciência, exponham pacientemente seus pontos de vista, mas nunca recomendem providência ou medidas saneadoras oralmente. Sempre registrem suas opiniões por escrito e da forma mais clara e objetiva possível. Isso é o que constrói uma reputação profissional sólida e válida, em especial depois que acontece o que previram e desejaram evitar.

4. Como decidiu entrar para a diretoria do CBMR?

Estávamos, em e minha mulher, passando por um período muito doloroso depois do súbito falecimento de nosso filho, vítima de acidente aéreo. Possivelmente, para nos reanimar, nossa colega Eda Quadros propôs-me presidir o CBMR por um único período. Isso foi muito bom e reconheço o bom alvitre da nossa colega Eda Quadros.

5. Quais foram os anseios vividos durante a condução do comitê?

Meus maiores anseios na ocasião eram setorizar as atividades do CBMR em grupos regionais especializados em Mecânica das Rochas aplicadas à indústria do Petróleo (o grupo PetroRoc), à sempre injustiçada indústria mineira (o grupo MinaRoc), à exploração de mananciais de água potável, mineral ou termal (o grupo HidroRoc) e finalmente, ao grupo ligado a problemas socioambientais (o grupo EcoRoc). Por falta de experiência, conseguimos muito pouco. Além disso, era minha intenção organizar um diretório profissional de empresas e profissionais independentes separados em cada um desses setores. O que também não foi possível.

6. Deixe uma breve mensagem aos demais associados do comitê.

Nunca desistam de seus sonhos, mas não subestimem o trabalho que os espera para atingir suas metas. Nada é fácil e nossa falta de experiência no trato de múltiplos assuntos prejudica as realizações almejadas. No mais, ajudem a construir um futuro melhor para os que vêm empós nós.