Vivian Marchesi: em busca de novas áreas para a mecânica de rochas. Assista ao vídeo!
O Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas produziu
e apresenta aqui uma série de entrevistas com alguns de seus ex-presidentes. A iniciativa é parte das comemorações dos 75 anos da ABMS e dos 60 anos do CBMR. A entrevistada desta vez é a engenheira Vivian Marchesi, ex-presidente do Comitê. A atual presidente, professora Talita Miranda, faz a abertura do vídeo. Assista aqui.
Trajetória profissional
Vivian Marchesi, engenheira geotécnica e ex-presidente do Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas (CBMR), é uma figura inspiradora no campo da mecânica das rochas no Brasil. Sua carreira é marcada por dedicação à profissão, busca por novos desafios e um compromisso com a aproximação entre estudantes, profissionais e o mercado, fortalecendo a área tanto no Brasil quanto no cenário internacional.
Formada em engenharia civil pela PUC-Rio, Vivian encontrou sua paixão pela mecânica das rochas durante o mestrado, sob a orientação do professor Sérgio Fontoura, uma referência no CBMR. Depois de concluir o mestrado, ela ingressou como pesquisadora no grupo de Fontoura, mergulhando de vez no universo da geotecnia. Em 2011, veio o convite que mudaria sua trajetória: Sérgio a convidou para assumir o cargo de secretária executiva na diretoria do CBMR. "Achei a proposta muito interessante e aceitei o desafio", lembra Vivian, marcando o início de sua ativa participação no Comitê.
Nos primeiros anos, Vivian contribuiu para iniciativas que modernizaram o CBMR. Ela procurou atrair profissionais da mineração, ampliando a diversidade de atuação do Comitê. Um dos momentos mais marcantes veio em 2014, quando, inspirado por um jogo da área de óleo e gás, Sérgio Fontoura propôs a criação do Rock Bowl. Lançado no Cobramseg em Goiânia, o jogo foi um sucesso instantâneo. "No segundo dia, já precisávamos de um espaço maior devido à adesão do público", conta Vivian, orgulhosa do impacto imediato da iniciativa.
Sua trajetória no CBMR foi
ascendente: de secretária executiva, passou a secretária-geral, vice-presidente e, finalmente, presidente na gestão de 2019 a 2021. Como presidente, Vivian enfrentou o desafio de liderar durante a pandemia, o que exigiu uma rápida adaptação. Sua gestão priorizou a digitalização do Comitê, com a criação de um grupo jovem para gerenciar mídias sociais, como o Instagram, e a reformulação do site, iniciada na gestão anterior.

Explica Vivian, destacando a importância de manter o CBMR ativo no ambiente virtual. Palestras online com profissionais renomados e temas relevantes mantiveram a comunidade engajada, enquanto o apoio ao Simpósio Sul-Americano de Mecânica das Rochas no Paraguai, incluindo a realização do Rock Bowl, reforçou a presença regional do comitê.
Rock Bowl
O Rock Bowl, para
Vivian, é mais do que um evento — é uma marca do CBMR. Com forte visibilidade, inclusive em edições internacionais organizadas em parceria com a International Society for Rock Mechanics (ISRM), o jogo exige meses de preparação, desde a criação de perguntas até o envolvimento de universidades. Vivian enfatiza a importância de torná-lo inclusivo:

Essa visão reflete seu compromisso em democratizar o acesso à mecânica das rochas.
Mecânica das Rochas
Quando explica a mecânica das rochas para leigos, Vivian destaca sua presença no cotidiano: "Ela está no nosso dia a dia, mas muitos não percebem." A disciplina, segundo ela, abrange três grandes áreas: engenharia civil, com aplicações em estabilidade de encostas, fundações e túneis; mineração, essencial para a segurança de minas subterrâneas e cavas a céu aberto; e petróleo, onde garante a estabilidade de poços e otimiza a extração. Sua clareza ao comunicar a relevância da área reflete sua habilidade em conectar conceitos técnicos com o público geral.
Vivian tem uma visão otimista sobre o cenário da mecânica das rochas no Brasil. Ela aponta a excelência dos profissionais brasileiros, tanto na Petrobras quanto em empresas de mineração, especialmente em Minas Gerais.

Afirma, destacando também a formação de estrangeiros no Brasil.
Sobre o interesse dos estudantes, ela observa uma relação direta com o mercado: "Quando a área de petróleo ou de mineração está aquecida, mais alunos se especializam." Já a engenharia civil, por sua amplitude, atrai interesse contínuo de diversas regiões.
As perspectivas para quem atua na área, segundo Vivian Marchesi, são promissoras. Ela cita exemplos de profissionais que começaram no Brasil e hoje ocupam posições de destaque em empresas globais, enfatizando que a mecânica das rochas exige adaptação constante, mas oferece oportunidades significativas.
Para dinamizar o setor e atrair mais estudantes, Vivian sugere que o CBMR fortaleça parcerias com empresas, conectando jovens a profissionais experientes, e promova eventos conjuntos com outras entidades técnicas. Ela também defende maior participação nas comissões técnicas da ISRM para ampliar a influência brasileira no cenário global.
Um tema emergente que Vivian aborda é a captura e sequestro de carbono (CCS), uma área em crescimento liderada pela indústria de óleo e gás. Ela explica que o CO₂, capturado de processos industriais como produção de biodiesel, cimento e metalurgia, é comprimido e injetado em reservatórios subterrâneos, como aquíferos salinos ou campos exauridos, para reduzir emissões. "É uma solução segura e sustentável", afirma, destacando o potencial da mecânica das rochas para enfrentar desafios ambientais.
Contexto internacional
No contexto internacional, Vivian celebra a relevância do CBMR, impulsionada por nomes como Eda Quadros, ex-presidente da ISRM, e Sérgio Fontoura, ex-vice-presidente sul-americano. "O Brasil é um player importante em mineração e óleo e gás", diz ela, orgulhosa da contribuição do país para a inovação global na área.
A história de Vivian Marchesi é um exemplo de liderança e visão estratégica. Sua passagem pelo CBMR modernizou o comitê, aproximou gerações e consolidou iniciativas como o Rock Bowl, que continuam inspirando jovens engenheiros. Com um olhar voltado para o futuro, ela defende a integração entre academia, indústria e sociedade, deixando um legado de impacto e inclusão na mecânica das rochas brasileira.