Marcos Massao Futai: Um percurso na Mecânica das Rochas. Assista ao vídeo!
O Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas produziu
e apresenta aqui uma série de entrevistas com alguns de seus ex-presidentes. A iniciativa é parte das comemorações dos 75 anos da ABMS e dos 60 anos do CBMR. O entrevistado desta vez é o engenheiro Marcos Massao Futai, ex-presidente do Comitê. A atual presidente, professora Talita Miranda, faz a abertura do vídeo. Assista aqui.
Trajetória profissional
Marcos Massao Futai, engenheiro geotécnico e ex-presidente do Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas (2023-24), tem participação destacada na evolução da mecânica das rochas no Brasil. Sua trajetória revela uma carreira marcada por contribuições acadêmicas, liderança no Comitê e uma visão voltada para a inovação e sustentabilidade na geotecnia.
Formado inicialmente em mecânica dos solos, Marcos encontrou seu caminho na mecânica das rochas por meio de oportunidades que surgiram ao longo de sua carreira. Durante seu trabalho na Escola Politécnica, ele se envolveu em projetos de pesquisa focados em túneis, o que o levou a explorar novas abordagens, como modelagens em elementos discretos, análises computacionais e ensaios laboratoriais.
Trajetória no CBMR

Conta ele, destacando como a área se revelou um campo rico e desafiador. Sua entrada no CBMR veio de forma natural, inicialmente como membro, até ser convidado pelo professor Sérgio Fontoura para atuar como secretário-geral. Anos depois, Futai assumiu a Presidência do Comitê, sucedendo a Vivian Marchesi e, mais recentemente, passando o cargo à professora Talita Caroline Miranda, marcando uma gestão dedicada ao fortalecimento da área.
Futai contextualiza o surgimento do CBMR, fundado em 1965 sob a Presidência de Vitor de Mello na ABMS, em meio a debates internacionais sobre a identidade da geotecnia. Na época, a Associação Internacional de Mecânica dos Solos considerava mudar seu nome para incluir a geotecnia de forma mais ampla, mas o Brasil, preocupado com a possibilidade de enfraquecer a mecânica das rochas, optou por criar o CBMR para desenvolver a disciplina no país.
Nos anos iniciais, segundo Marcos Futai, o Comitê enfrentou desafios ligados à sua forte vinculação com a construção civil, já que a exploração de petróleo ainda não demandava tanto a mecânica das rochas na década de 1960. Com o tempo, porém, a área se expandiu, impulsionada por diretorias organizadas, avanços científicos e aplicações em grandes obras de infraestrutura.
Mecânica dos solos e mecânica das rochas
Para Futai, embora entre a mecânica dos solos e mecânica das rochas integrem a engenharia geotécnica, existem diferenças entre as disciplinas. Ele explica que, enquanto os solos permitem a coleta de amostras representativas para estudos laboratoriais, as rochas exigem uma abordagem distinta, pois o comportamento do maciço rochoso é governado por fraturas e descontinuidades.
"Uma amostra de rocha no laboratório não reflete o maciço", destaca, enfatizando a necessidade de entender a estrutura e as interações no campo. Essa complexidade, para ele, é o que torna a mecânica das rochas um campo único e essencial.
As aplicações da mecânica das rochas, segundo Marcos Massao Futai, são amplas e estratégicas no Brasil. Ele aponta como áreas de destaque a exploração de petróleo em águas profundas, a construção de barragens, túneis para infraestrutura de transportes e a mineração.

Afirma, destacando o crescimento da mineração e a necessidade de segurança nas operações como impulsionadores recentes da disciplina.
Novos talentos
Atrair novos talentos é
uma preocupação constante para Futai, que reconhece o número reduzido de profissionais na área em comparação com outros ramos da geotecnia. Ele observa que a formação em mecânica das rochas ainda é limitada, já que a disciplina não é obrigatória na maioria dos cursos de engenharia civil.
Massao vê, no entanto, oportunidades interessantes tanto no meio acadêmico quanto no mercado e elogia iniciativas do CBMR
, como o grupo jovem, as premiações e o RockBowl, que aproximam estudantes da prática profissional. "Essas ações ajudam a mostrar o potencial da área", diz, otimista com o engajamento das novas gerações.
Transformação digital
A transformação digital também está no radar do ex-presidente do CBMR, que enxerga a Indústria 4.0 como um divisor de águas na mecânica das rochas. Ele cita avanços como equipamentos modernos de escavação, métodos sofisticados de investigação e o uso de sensores remotos, inteligência artificial e internet das coisas para monitoramento.
Os gêmeos digitais, que integram modelos computacionais com dados reais, são particularmente promissores para ele, permitindo uma análise mais precisa do comportamento das rochas. "Essas tecnologias abrem novas possibilidades", afirma, destacando seu potencial para aumentar a eficiência e a segurança das obras.
Na gestão de riscos, Massao explica que cada tipo de obra exige uma abordagem específica. Projetos de petróleo, por exemplo, demandam conservadorismo devido à escala e complexidade, enquanto escavações em mineração podem tolerar maior risco por estarem em áreas menos habitadas. "Monitoramento, controle de qualidade e mitigação são fundamentais", ressalta, enfatizando a importância de estratégias adaptadas a cada contexto.
A sustentabilidade é outro pilar central em sua visão. Massao defende que as obras de mecânica das rochas devem ser ambientalmente corretas, minimizando emissões de CO₂ e otimizando o uso de materiais. Ele destaca também a necessidade de infraestruturas resilientes às mudanças climáticas, capazes de resistir a eventos extremos.

Diz, apontando a adaptação como um desafio crescente para a área.
Futuro do CBMR
Olhando para o futuro do CBMR, Massao celebra a renovação trazida pela gestão da professora Talita Miranda e a incorporação de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e automação. Para ele, o Comitê está bem-posicionado para acompanhar as transformações da área, promovendo inovação e aproximando jovens engenheiros. "O futuro envolve preparar profissionais para essa evolução", afirma, confiante no papel do CBMR em fomentar conhecimento e liderança.
A trajetória de Marcos Massao Futai reflete uma dedicação profunda à mecânica das rochas, desde sua formação em solos até a presidência do CBMR. Sua visão combina rigor técnico, compromisso com a sustentabilidade e entusiasmo por inspirar novos talentos, deixando um legado de avanços e conexão entre academia, indústria e sociedade na geotecnia brasileira.
Assista à entrevista completa: