CBMR Explica: o que o Grand Canyon revela sobre a história geológica da Terra
A série “CBMR Explica” tem como objetivo apresentar, de forma acessível, conceitos e fenômenos relacionados à Mecânica das Rochas e à Geologia. Nesta edição, o Grupo Jovem do CBMR explica como o Grand Canyon, localizado no norte do Arizona (EUA), se tornou um verdadeiro laboratório natural para o estudo da formação e transformação das rochas ao longo do tempo geológico.
Com 446 km de extensão, largura variando de 60 metros a 29 km e profundidade de até 1,8 km, o Grand Canyon é uma das paisagens mais emblemáticas do planeta. Além de sua beleza, o desfiladeiro impressiona por revelar — em suas paredes rochosas — bilhões de anos da história da Terra, tornando-se um importante campo de estudo para geólogos, paleontólogos e engenheiros.
A origem do Grand Canyon remonta a cerca de 2 bilhões de anos, quando se formou sua base, composta por rochas ígneas e metamórficas conhecidas como Embasamento Vishnu. Mais tarde, há aproximadamente 1,25 bilhão de anos, surgiram as formações do Supergrupo Grand Canyon, resultado de intensos processos erosivos e deposição de sedimentos que deram origem a espessas camadas de calcários, folhelhos e arenitos avermelhados — as rochas estratificadas paleozóicas que caracterizam o cânion hoje.
Entre 70 e 30 milhões de anos atrás, a região passou por um soerguimento tectônico devido à colisão e subducção de placas, formando o Planalto do Colorado. Esse processo elevou rochas que antes estavam submersas, um fenômeno ainda estudado pela comunidade científica pela magnitude dessa elevação.
O Rio Colorado, por sua vez, começou a esculpir o cânion há cerca de 5 milhões de anos. Através de seu fluxo contínuo e poderoso, o rio aprofunda progressivamente o vale — processo conhecido como corte descendente. Durante as cheias e o degelo, o transporte de sedimentos e pedregulhos intensifica a erosão e o intemperismo, acelerando a escavação natural da paisagem.
As camadas rochosas do Grand Canyon apresentam diferentes resistências à erosão. Enquanto algumas se desgastam com facilidade, outras permanecem firmes, formando o aspecto em degraus característico de suas paredes. Essa combinação de fatores — tectônicos, erosivos e intempéricos — garante que o cânion continue em transformação, moldado pelas forças naturais ao longo do tempo.
Em síntese, o Grand Canyon é muito mais do que um monumento natural: é um registro vivo da evolução geológica do planeta. Um cenário que permite compreender a resistência, o comportamento e a história das rochas diante das forças que moldam a Terra há bilhões de anos.