CBMR Explica: como funcionam os métodos de lavra em tiras e Longwall
A série “CBMR Explica” tem como objetivo apresentar, de forma acessível, conceitos e fenômenos relacionados à Mecânica das Rochas e à Engenharia de Minas. Nesta edição, o Grupo Jovem do CBMR explica dois importantes métodos de lavra: a lavra em tiras (strip mining) e o método subterrâneo Longwall, amplamente utilizados na mineração moderna.
A lavra em tiras, também conhecida como strip mining, é um dos métodos mais tradicionais e eficientes de lavra a céu aberto. É aplicada principalmente em jazidas com geometria tabular e pouca inclinação, como carvão, fosfato, bauxita e areia betuminosa. O processo ocorre por meio de escavações em faixas paralelas, onde o solo e o estéril da primeira tira são removidos para expor o minério, e posteriormente utilizados no reaterro da faixa anterior já minerada.
Esse reaterro quase imediato é uma das principais vantagens ambientais do método, pois permite a recuperação gradual da topografia e reduz os impactos visuais e paisagísticos da operação.
As dimensões típicas desse tipo de lavra, segundo Curi (2017), incluem altura do highwall entre 30m e 60m, largura dos painéis de 23m a 45m, ângulo do highwall entre 60° e 75°, e ângulo da pilha de estéril de 35° a 50°.
Além da recuperação ambiental, a lavra em tiras é reconhecida por sua eficiência operacional, já que permite o uso de equipamentos de grande porte, reduzindo custos e otimizando o transporte interno. A disposição do estéril próxima à área de escavação também reduz as distâncias de transporte e o consumo de combustível. No entanto, o método exige planejamento rigoroso. Principalmente quanto à sequência de lavra e drenagem, para evitar erosões e garantir a estabilidade das áreas reaterradas.
Já o método Longwall (ou método por frentes amplas) é uma das técnicas subterrâneas mais eficientes e mecanizadas, amplamente utilizada na mineração de depósitos tabulares estreitos e rasos, como o carvão.
Diferente dos métodos de câmaras e pilares, o Longwall possibilita a recuperação quase total da camada mineral, por meio de frentes de lavra com até 300 metros de largura e quilômetros de extensão. À medida que a lavra avança, o minério é cortado e transportado por correias, enquanto escoramentos hidráulicos móveis sustentam temporariamente o teto da mina. Após a retirada do minério, o teto colapsa de forma controlada atrás da linha de suporte: um processo previsto e acompanhado de perto pelos especialistas.
Essa ruptura controlada do teto é um dos aspectos mais críticos do ponto de vista da mecânica das rochas, pois altera o estado de tensões no maciço e provoca subsidência na superfície. Por isso, o método requer monitoramento constante e dimensionamento preciso dos escoramentos, com base nas propriedades geomecânicas das rochas.
Altamente automatizado, o Longwall permite operação remota e monitoramento em tempo real, garantindo maior segurança e produtividade, podendo alcançar milhares de toneladas por dia com uma equipe reduzida. Contudo, sua implementação demanda investimentos elevados em infraestrutura, tecnologia e planejamento.
Tanto a lavra em tiras quanto o método Longwall ilustram como a integração entre geologia, mecânica das rochas e engenharia é essencial para o avanço da mineração sustentável, unindo eficiência, segurança e responsabilidade ambiental.