CBMR Explica: como funciona o ensaio de esclerômetro de Schmidt na caracterização de rochas

A série “CBMR Explica” tem como objetivo apresentar, de forma acessível, conceitos e métodos importantes da Mecânica das Rochas. Nesta edição, o Grupo Jovem do CBMR explica o funcionamento e as aplicações do ensaio de esclerômetro de Schmidt, também conhecido como martelo de Schmidt, amplamente utilizado para estimar a resistência e a dureza das rochas.
O ensaio é um método prático e não destrutivo que permite estimar parâmetros como a resistência à compressão uniaxial (UCS) e o módulo de elasticidade (E) das rochas. O equipamento é composto por um pistão acionado por mola — ao ser pressionado contra a superfície da rocha, o pistão é liberado e impacta o material. Parte dessa energia é absorvida pela rocha, e o restante gera o rebote (R), valor que indica a dureza superficial do material.
Diversos fatores influenciam o valor de rebote, como a orientação do martelo (vertical, horizontal ou inclinada), a porosidade, o grau de intemperismo, a anisotropia e a rugosidade da superfície.
Existem dois tipos principais de martelo de Schmidt:
Tipo N, com energia de impacto de 2,207 N·m, indicado para uso em campo por apresentar menor sensibilidade às irregularidades da superfície;
Tipo L, com energia de impacto de 0,735 N·m, mais adequado para rochas fracas, porosas ou alteradas, devido à maior sensibilidade em baixas energias.
Devido à sua praticidade e tamanho reduzido, o ensaio é amplamente utilizado em pesquisas de campo (in situ). A partir dos valores de rebote obtidos, é possível estimar os parâmetros UCS e E utilizando correlações empíricas desenvolvidas em estudos clássicos, como os de Aydin & Basu (2005) e Deere & Miller (1966).
É importante ressaltar que os resultados obtidos com o esclerômetro não substituem os ensaios laboratoriais de compressão uniaxial, já que podem haver diferenças significativas, especialmente em rochas com alta porosidade ou fraturadas. Ainda assim, trata-se de uma ferramenta eficiente para avaliações preliminares e comparativas de resistência em campo.